Como estudar... Eis uma das maiores dúvidas dos vestibulandos e dos concurseiros que muitas vezes se sentem completamente abandonados frente ao grande volume de material que terão que encarar. Antes de começarmos, é necessário dizer que, se fôssemos a fundo neste assunto, teríamos que escrever um livro bem grande - algo similar a uma bela tese de mestrado (e é claro que este não é nosso intuito). Bem, nós tentaremos dar algumas dicas no assunto, mas enfatizamos: Não existem verdades absolutas aqui. O que pode ser maravilhoso para mim pode ser completamente improdutivo para uma outra pessoa. Vamos lá...
Acreditamos que o bom estudo depende de algumas palavras-chave: ORGANIZAÇÃO, DESAPEGO, METODOLOGIA.
Organizar-se é a parte mais difícil - às vezes quase impossível - para a maioria das pessoas. Entretanto essa é a chave para o estudo de boa qualidade. Você deve planejar seus estudos levando em conta:
- Quantidade de matérias a serem estudadas;
- Quantidade de tempo disponível para o cada matéria;
- Tempo de pausa entre os assuntos (Sim! Você precisa de uma pausa);
- Encadeamento (ou seja, a sequência de estudos diária que você irá seguir);
- Imprevistos (Sim! Eles existem!)
Se você faz cursinho pré-vestibular ou frequenta algum preparatório para concursos públicos, a organização é mais simples: Siga a Máxima: AULA DADA, AULA ESTUDADA ou seja, estude a matéria gradativamente tão logo ela seja dada em curso. Se você teve, por exemplo, uma aula sobre "Ditadura no Brasil" leia o texto teórico correspondente e também faça os respectivos exercícios (no máximo no dia seguinte). Não deixe a matéria acumular. É claro que a sua realidade pode ser diferente (talvez você trabalhe ou faça alguma outra atividade que acabe prejudicando o bom andamento dos estudos). Ainda assim, insistimos: reveja o máximo da matéria possível no tempo que se mostrar mais disponível.
Se você não faz nem um concurso público e nem um preparatório (ou seja, se estiver estudando por conta própria), nesse caso a organização deverá ser ainda maior. Um bom método (quando possível) é dividir seu tempo em quatro partes iguais: as três primeiras partes desse tempo serão gastas com o aprendizado e a última parte com a revisão. Exemplo: se você fará um concurso público daqui a quatro meses, planeje toda a matéria para ser estudada em três meses e use o último mês para ser utilizado como revisão. Isso é ainda mais importante quando o prazo é longo (como num vestibular ao fim do ano).
Nos dois casos anteriores (fazendo ou não um curso preparatório), SE SOBRAR TEMPO busque material complementar . O motivo é simples: por melhor que seja um autor, ele ainda é humano e sempre pode abordar superficialmente um assunto no qual você precisa de mais domínio. Não existe livro didático perfeito e você tem mais chances de se diferenciar dos demais candidatos se a qualidade dos seus estudos também se mostrar diferenciada.
Você também é humano. Estabeleça uma pausa entre os assuntos para que você possa ser mais produtivo. Estabeleça também o fim de semana como pausa e procure fazer algo diferente dos estudos (ao menos no domingo). No mais, dedicação total.
Quanto você deve estudar diariamente? É errado acreditar que um aluno que estude 10 ou mais horas por dia necessariamente terá uma qualidade de aprendizado melhor que outro que estude quatro horas, por exemplo. Isso não quer dizer que você deva estudar pouco, ou mesmo, que deva pré-estabelecer um limite de horas a ser cumprido.O ideal é esquecer o relógio e se aprofundar no que está fazendo com dedicação. Ficou cansado? Dê uma pequena pausa a si mesmo, mude um pouco de assunto. Não deu para ver todo o assunto naquele dia? Veja no dia seguinte. Durma sempre com a consciência tranquila de ter feito o melhor possível. Aliás, não descuide do sono. Se estudar demais e começar a deixar de dormir, sua capacidade de assimilação irá diminuiir sensivelmente. E só para constar, bons estudantes dificilmente estudam menos que quatro horas por dia (isso não quer dizer que você tem que estudar EXATAMENTE 4 horas por dia só pra dizer que tá fazendo sua obrigação, né? .) Não é o tempo que você aplica o mais importante, mas como você aplica esse tempo.
Imprevistos acontecem em todas as áreas, inclusive nos estudos. Às vezes uma matéria demanda mais tempo que o normal outras acabam se mostrando muito mais triviais do que o esperado. Talvez aconteça de você ficar doente, ou ter um compromisso inadiável. Não se preocupe. Atrasar um pouco (um pouco, hein?) é algo absolutamente normal na dinâmica do aprendizado.
As diferentes matérias possuem necessidades igualmente diferentes e isso precisa ser levado em conta quando organizamos nossos estudos: Vale à pena ressaltar: Você precisa SEMPRE do conhecimento prático e do conhecimento teórico de cada matéria. Abaixo, destacamos a natureza dos diversos assuntos vistos nos vestibulares.
- Matemática: Os exercícios (conhecimento prático) são mais importantes que a teoria (conhecimento teórico). Isso não quer dizer que você deva descuidar da teoria, mas será muito mais importante que você tenha experiência na manipulação de cálculos do que ser um "dicionário de fórmulas ambulante" . Como estudar? Priorize os exercícios.
- Física: Aqui a parte teórica ganha mais espaço visto que boa parte dos cálculos algébricos são bastante simples (não estamos dizendo que Física é uma matéria simples, mas os cálculos matemáticos dentro da Física são bem simples). O raciocínio dedutivo se faz muitas vezes presente (ou seja, novamente ser um mero "dicionário de fórmulas ambulante" não é uma boa idéia). A parte de memorização é considerável (maior que em Matemática). Como estudar? Novamente, priorize os exercícios. Domínio de Vetores, Conversão de Unidades, Gráficos, são essenciais em quase todos os assuntos da Física que vc estudar. Olho neles! Não descuide também dos aspectos cruciais em algumas teorias.
- Química: Exige bem mais leitura do que as duas matérias exatas anteriores o que faz dela uma matéria não muito popular entre os alunos do Ensino Médio. Deve haver um equilíbrio maior entre teoria e exercícios e um maior senso de organização dos alunos (algumas questões tidas como "difíceis" são na verdade perguntas que exigem um maior número de passos simples). Avançar na Química sem dominar conceitos como: análise dimensional, mol, nomenclaturas, balanceamentos e gráficos é garantia de falhas. Domine os assuntos citados antes de se aprofundar. Como estudar? Equilíbrio entre teoria e exercícios. Sabe fazer contas de divisão? Não? Então aprenda e domine, você vai usar (e muito). Domine os conceitos iniciais, entenda que é impossível balancear fórmulas (por exemplo) sem conhecer bastante as nomenclaturas (orgânica e inorgânica).
- Língua Portuguesa: A partir daqui, a situação se inverte: a teoria passa a ser mais importante que os exercicios (isso não significa que você não deva fazer exercícios. Muito pelo contrário, exercícios SEMPRE são importantes em qualquer matéria, inclusive nas matérias humanas. O que você deve fazer é dar mais atenção à teoria que aos exercícios, mas sem descuidar deles, faça todos!). Outra coisa importante: nas Ciências Humanas (ainda mais que nas Exatas), complementação é importante, ou seja, se você tiver tempo sobrando é interessante buscar material adicional para complementar a teoria das apostilas ou mesmo dos livros que você já tem. Dificilmente (entenda-se "quase nunca") um bom autor faz um material didático "impecável" em todos os assuntos abordados.Como estudar? Como já dissemos, valorize o conhecimento teórico sem deixar de lado os exercícios. No caso dos concursos públicos,dê atenção especial à Gramática, muito cobrada (em especial, habitue-se com a nova ortografia) atente também para a interpretação de textos. Nos vestibulares, o foco deve estar na Interpretação de textos (cada vez mais frequente e exigente nos vestibulares modernos), nas obras literárias e na sua capacidade de redigir bons textos. Atualmente os bons vestibulares deixam (um pouco!) de lado as "velhas bitolas" e se prendem a capacidade de interpretação e raciocínio.
- Língua Inglesa: Novamente, a teoria é o mais importante. Um bom vocabulário é essencial, mas isso não significa que um bom vestibular irá cobrar palavras de uso pouco comum ou restrito. O foco da língua inglesa nos vestibulares não está na pronúncia, então atente para os demais aspectos da matéria. Cuidado com os falsos cognatos (ou seja, aquelas "palavrinhas" que parecem uma coisa, mas que na verdade significam outra, completamente diferente). Como estudar? Em primeiro lugar, aumente o vocabulário. Conheça o máximo de verbos que puder (afinal em muitas frases a simples compreensão de um verbo pode fazê-lo até mesmo compreender o enfoque do texto inteiro). Assista seu filme em DVD preferido com legenda em inglês (e áudio em português). Depois inverta (assista com áudio em inglês e legenda em português). Acesse mais vezes o Google em inglês e leia textos do seu interesse. Isso fará gradativamente com que algumas expressões se tornem mais familiares (o que ajudará enormemente nos exercícios de gramática). E é claro: Capriche na boa e velha leitura da teoria e "mande ver" nos exercícios.
- História: Você vai precisar de leitura, muita leitura. Aumente seu vocabulário, pois muitos textos de História se mostram escritos de uma maneira propositalmente truncada. Em algumas questões mais complexas, chegamos a fazer dois esforços: o primeiro um trabalho de interpretação, o segundo, o relacionamento do momento histórico com o texto citado. Em História (mais do que em qualquer outra matéria), é importante ler material complementar de outros autores. Entenda as inter-relações históricas (você não vai dizer que o que realmente causou a Primeira Guerra foi apenas o assassinato do Francisco Ferdinando, vai? Também não vai dizer que o escravismo no Brasil existiu porque os índios eram "preguiçosos", correto? Pois é. Entenda as inter-relações históricas, as causas e as consequencias e prepare-se para pensar acerca dos fatos que você já conhece). Como estudar: Leitura, leitura e leitura. E bons exercícios, preferencialmente os escritos.
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Geografia: Matéria que muitas vezes se relaciona com História (tanto que, algumas vezes, vemos questões puramente históricas em provas de Geografia). Será importante manter sua habilidade de interpretar gráficos em vários momentos. Em Geografia ninguém irá lhe perguntar a capital do Sri Lanka, mas certamente irão lhe perguntar a respeito do clima de monções na região e seus efeitos, de sua guerra civil e seus motivos. Novamente as inter-relações se tornam importantes (principalmente, quando você estudar Geopolítica). Você terá que ter bons conhecimentos do relevo do seu estado (inclusive em alguns cortes), e também alguns dos aspectos gerais no Brasil e no Mundo. Ser "antenado" e entender os conflitos presentes e passados poderá render alguns pontos, assim como algumas noções da economia dos estados do nosso país e de alguns dos mais importantes países do mundo. Se acostumará com termos como " Tigres Asiáticos", Protocolo de Kyoto" e muitos outros comuns na mídia. Definitivamente, você não poderá ser um(a) alienado(a). Como Estudar: Leia jornais (não apenas os cadernos esportivos ) veja o que acontece ao seu redor. O que você acha do conflito de Darfur? (Como??? Você ainda não ouviu falar do conflito de Darfur? Cuidado! Seu examinador, já...). Adicionalmente, faça o que tem feito até agora com as matérias humanas: capriche na teoria sem descuidar dos exercícios.
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Biologia: Única representante das matérias biológicas no Ensino Médio, a Biologia costuma ser tida como uma matéria fácil. Ledo engano. Uma prova complexa de Biologia pode envolver aspectos bem complicados de Botânica com uma nomenclatura não muito trivial para o vestibulando que não estiver treinado. Da mesma forma, questões de Genética podem envolver alguns cálculos dignos de uma prova de Matemática de primeira fase. O importante aqui é o bom preparo nos mais diversos aspectos ainda que, de maneira geral, não seja a matéria mais temida entre os vestibulandos. Como estudar: Dê atenção especial a alguns dos aspectos mais complexos da matéria (Genética, Botânica etc.). Da mesma forma que nas matérias de humanas, capriche na teoria, mas não esqueça dos exercícios.
Outros aspectos importantes do estudos são evitar a "síndrome da calculadora" e a "síndrome do gabarito".
A "síndrome da calculadora" aflige principalmente os estudantes de exatas que adoram subestimar as contas presentes em seus exercícios. "Ah, essa continha eu sei fazer, nem vou perder meu tempo com isso!". E então, o aluno usa indiscriminadamente a " maquininha" para chegar ao resultado sem se dar conta do enorme mal que está fazendo a si mesmo.
Usar a calculadora faz com que você (numa situação real de prova) fique mais lento (afinal você ficou UM ANO sem fazer nenhuma conta no papel). Além de fazer as contas mais lentamente, você as fará com menos segurança e com menos precisão. Suas chances de erro serão consideravelmente maiores (sem falar no tempo perdido). Aposente sua calculadora. Calculadora de vestibulando é o braço e o cérebro!
A síndrome do gabarito é aquela "compulsão incontrolável" de olhar o gabarito (muitas vezes, mesmo antes de sequer começar o exercício!). Olhar o gabarito frequentemente aumenta MUITO a sua insegurança. Se você tiver 30 exercícios para fazer, faça os 30 e SÓ DEPOIS confira com o gabarito.
Vamos agora falar de um outro assunto de suma importância: o DESAPEGO.
Você gosta de Biologia. Eu AMO Química. Independentemente dos nossos gostos pessoais, temos que levar em conta qual a nossa realidade, nosso objetivo e nosso foco. Se você vai prestar um vestibular ao fim do ano (digamos, Medicina) e DETESTA FÍSICA, é melhor rever seus conceitos. Se começar a colocar na cabeça "eu detesto física" isso poderá se tornar um entrave tão grande que o impedirá de atingir o seu real objetivo (que é a Medicina). Temos que ter maturidade, esquecer dos gostos pessoais e estudar TODAS as matérias com o mesmo afinco (sem paixões). Se você agir com essa maturidade, estará a um passo de atingir seus reais objetivos. Desapego é a chave para se atingir muitos objetivos, inclusive uma boa vaga.
Finalmente, veremos o último aspecto do nosso longo artigo: a Metodologia.
A Metodologia nos mostra a forma de abordarmos determinado problema. É importante (mais do que nunca) que você se mostre metódico. Que você se comprometa a seguir a rotina de estudos que traçou para si mesmo (exceto quando a mesma se mostrar ineficiente). Quantas vezes vemos alunos começando " a todo pique" e dois meses depois, completamente desmotivados (sabe-se lá por qual motivo). Não desista. Não importa se você usa fichário ou caderno, se usa lápis ou lapiseira, mas faça uma promessa pessoal de fazer o melhor de si, qualquer que seja a metodologia utilizada.
Bons Estudos!
TEXTO ESCRITO POR: Nerckie